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Economia

Temos que tirar esta gente do poder para que se possa executar as políticas econômicas de que o país precisa.

No programa 20 MINUTOS ENTREVISTA do dia 01/11,o economista Luiz Gonzaga Beluzzo foi entrevistado pelo jornalista Breno Altman, ocasião em que declarou que as políticas neoliberais são totalmente erradas e estão levando a economia brasileira para o buraco.

Na entrevista, Beluzzo apontou os erros principais que estão sendo cometidos pela equipe de Paulo Guedes:

1) O teto de gastos, por exemplo, é uma aberração. É uma simplificação absurda da importância que teve o gasto público e privado no impulsionamento da economia. E é isso que me deixa um pouco assustado: a visão do establishment brasileiro a respeito da economia é totalmente anacrônica.

2) O neoliberalismo vem destruindo o arcabouço institucional e vai ser preciso remontá-lo, para redirecionar o país ao desenvolvimento.

3) A desindustrialização, que já vem acontecendo há mais tempo, mas que tomou força no Governo Bolsonaro.

4) Em vez de a gente se livrar da dependência externa e diminuir o poder do capital financeiro, aumentamos, mas não acho que isso sejam coisas deterministas. Está muito difícil, as condições são muito negativas, mas a gente tem que se mover.

5) Tudo é feito pensando na questão fiscal e no tamanho da dívida. É preciso parar de se assustar com a dívida pública. Não existe economia monetária capitalista no mundo que possa prescindir da participação da dívida pública como riqueza privada. Principalmente durante crises, em que o Estado tem a função de estabilizador da economia, de defesa dos portfólios privados para evitar o descontrole de preços. Esse apavoramento com a dívida pública é de uma burrice, me entristece tanto.

O importante economista brasileiro apontou também os caminhos que devem ser trilhados por um governo de esquerda para enfrentar esta situação e estes problemas.

Em primeiro lugar, Beluzzo destaca que não é mais possível um governo de colaboração de classe com a burguesia.

O economista não vê possibilidades de que a burguesia se alie a um governo do tipo que prevaleceu nos governos anteriores de Lula, já que ,como o próprio ex-presidente argumenta, o capital nunca tenha lucrado tanto. Ele relembrou que já houve uma elite aliada a uma estratégia de desenvolvimento que “permitia” a implementação de políticas sociais pois elas alimentavam ainda mais o crescimento da indústria, com mais empregos e aumento do consumo. No entanto, o neoliberalismo “destruiu esse empresariado: agora temos o pessoal do mercado financeiro e do comércio. Além do agronegócio, avançado tecnologicamente, mas que está totalmente voltado para o mercado exterior, tem pouco impacto na geração de empregos, por exemplo”.

Nesse contexto, o que move o empresariado, de acordo com Belluzzo, é o poder do dinheiro, não apenas o ato de ganhar dinheiro. “Com Lula havia o receio de que a força política do dinheiro fosse diminuída por ter um presidente como ele. A burguesia não poderia admitir que um metalúrgico fosse o presidente da República, pois perderia o controle da economia para o Estado. No neoliberalismo, a elite quer que o Estado funcione para ela, mas não pode funcionar para os outros”, destacou.

O Professor Beluzzo listou alguma medidas que julga essenciais pra enfrentar a crise da economia Brasileira.

1) O economista ainda defendeu “alguma forma de estatização” das instituições bancárias, pois o atual modelo é “autorreferido, só tem relação com ele mesmo”. Isto é, como os bancos estão vivendo o fenômeno da financeirização de recompra de ações e redistribuição de dinheiro para acionistas, não contribuem ativamente com a sociedade, não geram empregos, não fornecem créditos atraentes para a população. “O dinheiro se torna o objetivo em si mesmo”, reforçou.

2) Belluzzo também refletiu sobre a reversão do processo de desindustrialização que o Brasil está vivendo. Ele se mostrou otimista sobre a possibilidade de um processo de industrialização pelas características da economia brasileira como o fato de grande da população ser urbana e que ainda há um base industrial , apesar de admitir que será um caminho “duro”. Em alguns países nunca se conseguiu reverter o processo como no caso da Inglaterra e da Argentina.

3)Para combater essa tendência à destruição do país , revertendo todas as medidas neoliberais que foram sendo promovidas desde o governo de Michel Temer e o estado de calamidade social que o país se encontra, o especialista vê como essencial que um novo governo de esquerda presidido por Lula monte uma bancada no Congresso “muito alinhada ou mais alinhada a ele que o permita passar as verdadeiras reformas que são necessárias”.

4) Nos primeiros 100 dias de governo, Belluzzo listou como prioridade articular o Banco Central e o Tesouro Nacional numa política de crédito e de gasto que tenha como vetores o BNDES, o Banco do Brasil e os demais bancos públicos.

5) “O problema é que o Lula vai ter que enfrentar também a questão da construção institucional. O que a gente não percebe é que as reformas neoliberais estão destruindo o nosso arcabouço institucional e vai ser preciso remontá-lo, mais do que repensar as ideias políticas macroeconômicas, para redirecionar o país ao desenvolvimento”, explicou.

6) Lula teria que adotar uma série de medidas emergenciais, por meio de um programa de gastos potente, para proteger as famílias mais pobres.

7) Para tanto, ele apontou como essencial “reconstruir corretamente as instituições e mobilizá-las de acordo com um programa econômico bem concebido de gastos públicos articulados com gastos bancários, geração de crédito e investimentos”.

8) No entanto, para levar tudo isso a cabo, a disputa começa já no período eleitoral, afirmou, pois será necessário vender esse programa à população, “o que não vai ser fácil porque temos contra nós os propagandistas da ideologia neoliberal, que é o grosso da imprensa”.

Apesar de apontar vários problemas existentes de forma correta, o economista avança bastante no programa de reformas estruturais como a necessidade de estatização dos bancos, mas não coloca nenhuma restrição ao capital estrangeiro e o papel do imperialismo na atual crise brasileira, e a necessidade não só de “vender esse programa à população ” mas de também e principalmente torná-la o principal ator destas mudanças, em especial as classes trabalhadoras, já que somente a eleição de um governo progressista não será capaz de dar base social para um conjunto de reformas estruturais amplas, que voltem a colocar o socialismo como horizonte histórico da economia brasileira.

(Fontes: A própria entrevista e relato da entrevista pelo Brasil 247).

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