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Política

O esmagamento da liberdade de expressão pelo Sionismo

Por Ricardo Rabelo

                               O massacre dos palestinos pelo Estado israelense foi divulgado por  vários dias por toda a imprensa, desencadeando  uma grande onda de protestos em todo o mundo. O grito  de parem de matar ecoou em praças, pontes, ruas seja no mundo ocidental, seja em toda a Ásia.A reação dos sionistas logo se viu , mas não se fez nada para interromper o genocídio, pelo contrário, a violência das Forças Armadas aumentou e os bombardeios se intensificaram.

                Foi feita uma operação visando suprimir a divulgação do massacre em todo o mundo, com a interrupção dos  serviços de internet na Faixa de Gaza e com o cerceamento em larga escala da atividade jornalística. Mas não se resumiu a isso.

Desde 7 de outubro, pelo menos 41 jornalistas foram mortos no massacre de Israel na Palestina. A maioria foi mesmo de 36 jornalistas palestinos. Mais de 50 meios de comunicação foram total ou parcialmente destruídos por ataques israelenses. A última foi a agência France-Presse (AFP), em 3 de novembro. Em 28 de outubro, o bloqueio de informações imposto por Israel foi realizado durante uma operação terrestre das Forças de Defesa de Israel (IDF). Naquele dia, eles notificaram a AFP e a agência de notícias Reuters de que não poderiam garantir a segurança de seus jornalistas em Gaza.Na verdade é uma ação proposital de Israel para impedir a divulgação de noticias sobre Gaza na imprensa mundial, ou incentivar a divulgação das notícias favoráveis à Israel.

                Desde a  operação Tempestade de Al-Acsa e à medida que a sangrenta repressão israelita atinge as populações civis em Gaza e na Cisjordânia ocupada, o envenenamento jornalístico multiplicou-se. Documentar os assassinatos israelitas em Gaza e na Cisjordânia está se tornando cada vez mais complicado para os jornalistas, uma vez que Israel proíbe agora jornalistas internacionais de entrar em Gaza e corta as ligações à Internet. Portanto, o que o governo israelita autoriza através do sistema de censura estabelecido é apenas a cobertura unilateral dos acontecimentos.

Desde 7 de outubro, as cadeias de veneno espalharam as informações falsas que poderiam ser esperadas. A CNN divulgou massivamente informações sobre a decapitação de 40 crianças israelenses pelo Hamas. Poucas horas depois de esta informação ter sido divulgada em todo o mundo, muitos meios de comunicação, como a BBC, retrataram-se e removeram esta informação por ser falsa.

As redes sociais são também palco de inúmeras operações coordenadas de desinformação por parte de bots e contas fictícias que alimentam informações falsas. A União Europeia tem pressionado Elon Musk, dono da rede social X (antigo Twitter), a censurar os meios de comunicação independentes que defendem a Palestina.

A desinformação é uma estratégia israelita bem estabelecida, utilizada em particular para justificar a violência da repressão coletiva levada a cabo contra os palestinos. A circulação de informações falsas permite legitimar e justificar os crimes de guerra cometidos por Israel contra os palestinianos, que são silenciados pelos meios de comunicação de todo o mundo.

                Desde 7 de outubro, Israel inundou o YouTube com publicidade. O Ministério das Relações Exteriores gastou mais de US$ 7 milhões em anúncios nas duas semanas após a incursão palestina. Grande parte do conteúdo viola os termos de serviço do YouTube, incluindo vários anúncios que mostravam imagens sangrentas de cadáveres.

O objetivo é ocultar crimes de guerra sionistas. Para Israel, a batalha para controlar sua imagem pública é quase tão importante quanto sua campanha militar. Enquanto matam milhares de pessoas em Gaza, os sionistas gastam milhões de dólares na guerra de propaganda, comprando anúncios nas redes sociais. O governo israelense se concentrou em países ocidentais ricos, com seus principais alvos sendo o Reino Unido, os Estados Unidos, a França, a Alemanha e a Bélgica. A mensagem geral da campanha foi que o Hamas é um grupo terrorista ligado ao jihadismo e que Israel – uma democracia moderna e secular – se defende contra a agressão externa.

Em apenas uma semana, o Ministério das Relações Exteriores publicou 30 anúncios que foram vistos mais de 4 milhões de vezes no Twitter. Tal como acontece com o YouTube, a publicidade é especialmente dirigida a adultos da Europa Ocidental. Um dos anúncios contém as palavras “Isis” e “Hamas”, mostrando imagens perturbadoras que se aceleram gradualmente até que os nomes dos dois grupos se fundam em um só. Caso a mensagem não fosse clara o suficiente, terminava com a seguinte mensagem: “O mundo derrotou o EI. O mundo derrotará o Hamas.”

“Sabemos que seu filho não sabe ler isso. Temos uma mensagem importante para enviar a vocês como pais. 40 crianças foram mortas em Israel por terroristas do Hamas (Estado Islâmico). Assim como você faria qualquer coisa por seu filho, faremos tudo o que pudermos para proteger os nossos. Agora pegue seu bebê no colo e fique ao nosso lado”. O Ministério das Relações Exteriores também comprou uma série de anúncios no Facebook, Instagram, jogos e aplicativos como o Duolingo.

O bombardeio da Igreja Ortodoxa de São Porfírio

Ao mesmo tempo, um exército de trolls sionistas invadiu o recurso “Community Notes” do X/Twitter, tentando desviar o debate online em torno da guerra e da crescente limpeza étnica. O recurso tem como objetivo prevenir fake news. Os colaboradores que se inscreverem nesse recurso podem deixar anotações em qualquer postagem, adicionando contexto a declarações potencialmente enganosas. A comunidade então vota nessas notas, e se um número suficiente de pessoas achar a nota útil, ela aparecerá abaixo da mensagem original.

Desde 7 de outubro, o exército de trolls sionistas assumiu a função e está tentando minar postagens que retratam Israel sob uma luz negativa ou a Palestina sob uma luz positiva.A uma mensagem de um comentarista político libanês anunciando que Israel havia acabado de bombardear a Igreja de São Porfírio em Gaza, os trolls acrescentaram uma qualificação que dizia “falsa”. A Igreja Ortodoxa de São Porfírio, em Gaza, informou que não foi afetada e estava em operação desde 9 de outubro. Mas o atentado aconteceu dez dias depois que o memorando foi publicado, então quaisquer declarações anteriores eram enganosas. Israel finalmente teve que admitir sua responsabilidade pela destruição da igreja.

Propaganda sionista na Wikipédia

Por mais de uma década, grupos sionistas bem organizados e bem financiados se infiltraram na Wikipédia para reescrever a enciclopédia, defender a política de ocupação e demonizar os protestos. Um dos grupos mais conhecidos é o Conselho Yesha, que em 2010 afirmou ter 12.000 membros ativos. Entre 2010 e 2012, a equipe foi pessoalmente supervisionada e coordenada por Naftali Bennett, que mais tarde se tornou primeiro-ministro no governo de Tel Aviv. Os trolls monitoram cuidadosamente o conteúdo, removendo o que não lhes convém e escrevendo artigos da maneira mais favorável para Israel. A Wikipédia está ciente do problema, mas se recusou a corrigi-lo a partir do que já sabemos sobre seu fundador, Jimmy Wales. Sua esposa, Kate Garvey, foi secretária particular de Tony Blair, cúmplice da invasão militar do Iraque.

Outro grupo organizado pró-Israel é o Act.IL, um aplicativo patrocinado pelo governo israelense com mais de US$ 1 milhão por ano. Act.IL incentiva os usuários a se intoxicarem massivamente nas mídias sociais, deixarem respostas nas seções de comentários de sites ou empurrarem e compartilharem postagens israelenses on-line. O objetivo é criar uma aparente onda de apoio a Israel em fóruns importantes para influenciar a opinião pública.

Tio SAM

O grande poder de Israel é o seu grande padrinho, os Estados Unidos da América. Há pelo menos 4 instituições em que a influência do Tio Sam é evidente: a Organização Sionista Mundial, fundada em 1897, o Fundo Nacional Judaico/JNF, fundado em 1901, a Agência Colonial fundada em 1929 e o Comitê de Relações Americano-Israelense. Estas instituições vinculadas, de alguma forma com a  imigração de europeus de fé judaica para os EUA.

“A JNF é uma organização sem fins lucrativos e ONG das Nações Unidas que dá a todas as gerações de judeus uma voz única na construção de um futuro próspero para a terra de Israel e seu povo. JNF começou em 1901 como um sonho e visão de restabelecer uma pátria em Israel para o povo judeu”. O Fundo foi criado em 1901, é uma entidade reconhecida pela ONU. O JNF se esforça para levar uma melhor qualidade de vida a todos os residentes de Israel e traduzir esses avanços para o mundo. Opera, fundamentalmente, como um catalizador de recursos financeiros para “colonizar” Israel. A Agência Colonial Judaica desde a fundação e construção do Estado de Israel até o plantio e cultivo das sementes da amizade entre comunidades judaicas separadas pela distância, desde 1929, trabalha para garantir um futuro judaico vibrante para as gerações vindouras.

A  Organização Sionista Mundial, pilar  do projeto colonial judaico esteve desde o início baseada na vibrante e crescente economia estadunidense no início do século XX. O JNF antecede a primeira guerra mundial, logo, pôde transacionar com os “proprietários” estrangeiros de terras na Palestina ainda sob a tutela do Império Otomano. A Agência data de 1929, e fez a balança do lobby israelense mudar seu epicentro de Londres para à costa leste dos EUA.

O jogo internacional da Guerra Fria favoreceu a aliança estratégica de Tel Aviv com Washington, em estreita aliança com a monarquia dos Ibn Saud à frente da ARAMCO e dos Pahlavi, à frente do consórcio internacional que governava a antiga Pérsia  após o golpe de 1953.Dentro da lógica da bipolaridade, considerando que a URSS veio a ter boa relação com os países pan-arabistas, os EUA reforçam a posição sionista. O Comitê de Relações Públicas Americano Israelense, AIPAC, fundado em 1963, afirma sua Aliança Essencial:

Além do JNF, da Agência Colonial e do AIPAC, outra instituição central opera tanto para popularizar a defesa do Estado de Israel, confundindo o combate ao antissemitismo como a defesa do Apartheid Israelense. Trata-se da Liga Anti-Difamação (ADL)  um dos principais instrumentos dos sionistas para solapar a sociedade civil dos países ocidentais, pois está absolutamente capturada pelo chauvinismo sionista.  Um exemplo é a punição sofrida por Rashida Tlaib, uma congressista do Partido Democrata filha de palestinianos, que promoveu o cântico “Do rio até ao mar, a Palestina será livre”, o que a tornou um alvo da  Liga Anti- Difama ção que classificou o gesto como anti-semita, por deixar implícita a necessidade da extinção do Estado israelita. Rashida  foi objeto de uma moção de censura, punição apenas menor que a cassação,

“‘Do rio até ao mar’ é um apelo à liberdade, aos direitos humanos e à coexistência pacífica, e não à morte, à destruição e ao ódio”, disse a congressista do Partido Democrata na semana passada, na rede social X (o antigo Twitter). No mesmo dia, Tlaib publicou um vídeo em que acusa o Presidente dos EUA, Joe Biden, de ser cúmplice de “um genocídio” em Gaza.

Durante a discussão da moção de censura — que teve 234 votos a favor (incluindo 22 democratas) e 188 contra (incluindo quatro republicanos) —, Tlaib emocionou-se ao evocar as imagens de milhares de crianças palestinianas mortas nos bombardeamentos israelitas do último mês.

“É importante separar os povos dos governos”, disse Tlaib. “Nenhum Governo está acima de crítica. A ideia de que criticar o Governo de Israel é antissemitismo marca um precedente muito perigoso, e está a ser usada para silenciar as vozes que defendem os direitos humanos.”

CUMPLICES?

Uma publicação do site israelense Honest Reporting, também especializado nas denuncias contra possíveis “inimigos de Israel”, acusou jornalistas da Faixa de Gaza de saberem com antecedência dos atentados do Hamas contra Israel por terem acompanhado os ataques de 7 de outubro. O  gabinete do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, afirmou que os profissionais “foram cúmplices de crimes contra a humanidade”.

Estes “cúmplices” seriam nada menos que colaboradores das agências Associated Press e Reuters, do jornal The New York Times e da emissora CNN. Anteriormente  o Honest Reporting já havia divulgado uma petição para pressionar a agência Associated Press a rever a colaboração de um jornalista que eles consideraram “decididamente tendencioso contra Israel”. “Pior ainda, esse preconceito infectou seus artigos, pintando Israel como o agressor, ignorando o massacre do Hamas e repetindo descaradamente os pontos de vista do Hamas”, alega o site.

Israel  sabe que suas “notícias” são puramente mentiras para tentar ocultar da opinião pública os seus crimes no maior genocídio do século.  Por isso usa de pressão violenta sobre políticos, jornalistas , formadores de opinião sempre se utilizando do Holocausto como justificativa de toda barbárie. Sem os laços que mantém com o imperialismo norte americano já teria certamente sido desmascarado por seus crimes e suas irmãs gêmeas – as mentiras.   O país não tem amigos ou seguidores, apenas cúmplices. E até agora não demonstrou uma verdadeira vitória no terreno militar. A Resistência Palestina continua a impedir seus planos de limpeza étnica.  Será mais uma derrota para o imperialismo para ser adicionada à na Ucrânia?

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