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Política

O plano de guerra contra os trabalhadores

Por Ricardo Rabelo

                O Presidente eleito Javier Milei tomou posse numa cerimonia em que se fez cercar do que de pior existe no cenário político mundial. Ausentes representantes dos principais países imperialistas e do bloco dos Brics, presentes membros do criminoso fascismo internacional. Presentes a escória política chefiada pelo famigerado fascista brasileiro Jair Bolsonaro e  formada pelo ridículo e também fascista Felipe VI, rei da Espanha, Gabriel Boric o traidor da esquerda do Chile, Santiago Pena, presidente do único país da America Latina que mantem relações diplomáticas com Twaian e não com a China, Vahagn Khachaturyan, traidor do povo da Armênia,Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria e Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, Luis Lacalle Pou, presidente do Uruguai, Santiago Peña, presidente do Paraguai.

                O seu discurso de posse trouxe a  grande ameaça: “Hoje começa uma nova era na Argentina. Hoje encerramos uma longa e triste história de decadência e declínio, e iniciamos o caminho da reconstrução do nosso país. Os argentinos, de forma contundente, expressaram uma vontade de mudança que não tem retorno. Não há caminho de volta.” Ele não escondeu a base teórica de seu plano de guerra contra a classe operária Argentina: eliminar o Estado, todo o poder aos negócios, isto é, à burguesia.

                O seu plano de urgência e necessidade é uma declaração de guerra contra os trabalhadores e à nação argentina como um todo. Tendo como porta-voz o ministro da Economia do governo Milei, Luis Caputo, foi anunciado um aumento da taxa de câmbio oficial  de 100%, demissões de funcionários públicos e eliminação de subsídios aos serviços públicos. Essa eliminação dos subsídios aos serviços públicos, que implicará um aumento acentuado das tarifas, e a desvalorização são medidas inflacionárias que destruirão o poder de compra de salários, aposentadorias e programas sociais. O ajuste fiscal e a desvalorização foram anunciados sem qualquer compensação pelo impacto das medidas nas aposentadorias e salários.

A desvalorização é uma transferência de renda de quem vive de seus salários ou outros tipos de renda não indexados pela inflação para o capital em especial o estrangeiro, um pequeno número de grandes empresários exportadores que se beneficia, principalmente os do agronegócio, que têm uma espécie de oligopólio do comércio exterior de grãos, mas também os exportadores industriais. Quem também ganha é a elite econômica que tem sua riqueza avaliada em dólares e escondida em paraísos fiscais estrangeiros, agora eles estão mais ricos do antes do plano. As grandes empresas que produzem alimentos e outros itens de primeira necessidade aproveitaram a situação para remarcar preços, em 200% ou 300%.

   O governo apontou o déficit fiscal como o culpado das crises no país. Na Argentina, segundo o ministro da economia, gasta-se mais do que se arrecada. Repete o raciocínio da economia vulgar de que tudo funciona como na economia doméstica. Nega a possibilidade de o Estado usar o seu poder de emissão para financiar o déficit porque o principal, o investimento público para impulsionar o desenvolvimento do país é proibido:  a economia privada é que desenvolve o país.

    O caminho para eliminar o déficit é claro: abertura das importações, privatização total das empresas públicas, destruição dos sistemas de saúde e educação do Estado, eliminação dos subsídios para o transporte, eliminação do controle de alugueis, eliminação dos controles sobre o abastecimento, abertura da venda de terras para qualquer tipo de comprador(inclusive os estrangeiros. As medidas visam também a destruição da soberania audiovisual, o que pretende alcançar com o fechamento do das instituições estatais que cuidam do cinema, teatro e artes em geral além da privatização dos meios de comunicação, ações que só prejudicam o desenvolvimento cultural,  produção audiovisual e fontes de emprego no setor. Ou seja: nenhuma proteção à economia popular, venda de  empresas que possibilitam a soberania nacional, como a grande estatal do petróleo, entrega da economia ao que Marx chamava, muito apropriadamente, à anarquia do mercado.

O Protestos nas ruas

O impacto da bateria de medidas desregulatórias na economia e privatizações do setor público anunciadas por Milei provocaram resposta com um forte estrondo de panelas e frigideiras. “Fora Milei!” ouviu-se nas ruas da capital argentina. onde ocorreu a principal mobilização, convocada por organizações sociais e de esquerda. Milhares de pessoas foram às ruas da capital argentina para mostrar sua rejeição às políticas do presidente de extrema direita. Houve um grande protesto em Buenos Aires e outras províncias, onde os argentinos foram às ruas para protestar contra as medidas econômicas do presidente Javier Milei ¹²

 O grupo de protesto Polo Obrero liderou a manifestação e exigiu um maior apoio financeiro aos pobres . O governo argentino prometeu  repressão  contra as manifestações mas a populção não se intimidou e tomou as ruas. .

Nada de novo do Governo Milei: por trás de tudo, o imperialismo

As principais figuras do governo de La Libertad Avanza são velhos conhecidos das crises dos anos 90, 2001 e do macrismo. Os planos que eles colocaram em prática são semelhantes aos que eles já implementaram nessas ocasiões. Destacam-se executivos de grandes empresas, Menemistas, Cavallo e, sobretudo, Macristas. Embora culpem o populismo, são os maiores responsáveis pelo desastre econômico nacional.

Executivos de grandes empresas, multinacionais,  macristas, menemistas, cavallo e expoentes do establishment ocupam os principais lugares no governo de Javier Milei. A maioria deles já esteve na função pública e vários desempenharam um papel de destaque na crise de 2001.

Com Milei, mais de um está de volta, e quem os acompanha compartilha a filosofia e a orientação política de quem governou por quase metade dos últimos 34 anos. Porque em meio a tantas mentiras libertárias, é preciso esclarecer que as crises monumentais que condicionaram e condicionam a Argentina foram essencialmente provocadas pelas políticas e políticos que agora voltaram ao poder.

O próprio presidente vem das fileiras de Eduardo Eurnekian, dono da Corporación América, que investiu durante anos na criação de seu produto, desfilou na televisão, transformou-o em personagem massivo e o financiou até sua ascensão à presidência da Nação. Mas o empresário não só ganhou o prêmio máximo de chefe de Estado por um dos seus, como também conseguiu o mesmo com outros cargos de máxima relevância.

O Chefe de Gabinete, Nicolas Posse, trabalhou nos últimos quatorze anos sob a liderança direta de Eurnekian na Corporación América. Se ele tivesse o carisma de Milei ou algum apelo para torná-lo um político votável, Eurnekian teria preferido ele porque o considera mais confiável e mais capaz.

A lista de funcionários que vêm da Corporación América inclui Guillermo Francos, que até seu salto para o Poder Executivo atuou como diretor da holding empresarial. Mas Francos também é um velho político da época de Menem e Cavallo, que, como muitos deles, também ocupou cargos públicos em ditaduras. Durante os governos de Roberto Levingston e Alejandro Lanusse, entre 1970 e 1973, atuou como secretário particular do Ministério da Justiça.

Mariano Cúneo Libarona, ministro da Justiça, foi advogado de Eurnekian no caso “Cuadernos”, entre outros, segundo um documento do Centro de Pesquisa Política e Formação (Cifra) do CTA, que analisa a formação do governo de Milei. O ministro da Infraestrutura, Guillermo Ferraro, também esteve envolvido no projeto do Corredor Bioceânico com Milei e Posse, sob o guarda-chuva da Eurnekian, e é consultor para obras no âmbito do sistema de PPP. Nos últimos 13 anos trabalhou para a multinacional KPMG, que representa grandes corporações empresariais em todo o mundo. Outro cargo para a equipe eurnekiana do governo libertário corresponde a José Rolandi, ex-diretor da CGC, a petroleira da Corporación América, que foi nomeado diretor da YPF.

 O ministro da Economia, Luis Caputo, foi ministro da Fazenda e presidente do Banco Central no governo de Macri.  Ex-executivo do Deutsche Bank e do JP Morgan, ele agora fala em herança como se não tivesse endividado o país em 100 bilhões de dólares (dos quais 86 bilhões fugiram com o golpe financeiro) e até hipotecado o futuro de gerações com seu título de cem anos.

Santiago Bausili, Pablo Quirno e Pablo Lavigne

Assim como ele, Santiago Bausili, presidente do Banco Central, trabalhou no Macrismo e foi diretor do JP Morgan – com Caputo – e do Deutsche Bank. Pablo Quirno, secretário de Finanças de Milei, também foi gerente sênior do JP Morgan e braço direito de Caputo no Ministério das Finanças em 2016 e 2017, com participação direta um ano depois nas negociações para o empréstimo milionário do FMI. A equipe de Economia da atual gestão tem outro representante desses anos, Pablo Lavigne, como secretário de Comércio.

Patricia Bullrich e Mario Russo

Patricia Bullrich, ministra da Segurança, é uma das autoridades que estiveram gravadas nas piores crises das últimas décadas, como ministra do Trabalho de Fernando De la Rua em 2001 e como ministra da Segurança sob Macri de 2015 a 2019.

A lista dos integrantes do governo Milei  inclui ex-apoiadores de Menem, apoiadores de Cavallo e liberais em lugares transcendentes.

Embora não tenha um cargo, um funcionário que vem do Cavalismo é Federico Sturzenegger, ex-presidente do Banco Central sob Macri, que desempenhou um papel de liderança no decreto de necessidade e urgência que foi anunciado esta semana para desregular a economia. Sturzenneger também estava na equipe de Cavallo em 2001.

Do setor empresarial, a chefe da AFIP, Florencia Misrahi, que entre 2008 e este ano trabalhou na Cargill; Gerardo Werthein, do grupo de mesmo nome, como embaixador nos Estados Unidos, e Claudio Dunan, de Bioceres, responsável pelo Instituto Nacional de Sementes.

Finalmente, a marca ultraliberal é fornecida, entre muitas outras, pela chanceler Diana Mondino, ex-Standard & Poor’s e Universidade CEMA, e Sandra Pettovello, ministra do Capital Humano, antiga Universidade Austral. O que mostra que o governo Milei é “libertário” do capital e do imperialismo.

Nova Era?

Com o  governo de extrema-direita  a nova era  anunciada é de guerra contra os trabalhadores.Nova era devido à magnitude do ataque, que foi   lançado pelo Estado e terá, sem dúvida, o apoio da maior parte da classe dominante. Mas é possivel também o alvorecer de uma possível nova era para os trabalhadores e pobres.  Trata-se de desenvolver uma ação maciça de resistência. Não se pode ficar apenas na ação defensiva, mas estar pronto com consciência coletiva revigorada e vontade, para embarcar em um contra-ataque de alcance histórico. Caso contrário, o há  um sério risco de que com um programa máximo o grande capital possa reestruturar-se  novamente na Argentina.

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